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  • Foto do escritorLuís Fragetti

Vacina da Febre Amarela representa risco?


A vacina contra a Febre Amarela, produzida pelo Brasil e França, existe desde os anos trinta do século passado. Com toda a certeza se constitui no melhor método de prevenir a doença, considerando que não há medicação capaz de agir sobre o vírus que a causa. O ato de imunizar é um desafio, particularmente quando a vacina esteja indicada para um intervalo de idade amplo, como o de 9 meses a 60 anos e ainda por cima exija que sejam respeitados critérios de inclusão e exclusão a fim de estabelecer segurança na realização do ato vacinal.


Nesse contexto o maior obstáculo constatado se expressa na baixa taxa de adesão ao procedimento de vacinar quando não são noticiadas mortes relacionadas à doença em pauta, mesmo quando as vacinas sejam gratuitas.


De volta à questão da aderência, agravando irresponsavelmente a utilização do método que poderia proteger, encontramos indivíduos partidários da não imunização que se intitulam arautos de verdades infundadas e propagam uma campanha anti-vacina. Essa atitude pútrida e estúpida abala uma das formas mais efetivas e de menor custo para reduzir a morbidade e a mortalidade por doenças infectocontagiosas.


Em um momento como o atual em que se enfrentam múltiplos surtos de febre amarela silvestre, ocorrendo em diferentes regiões do Brasil, aumentando as áreas de risco para se contrair a doença, o que se deseja por bom senso é  que se impeça que se implante a forma de febre amarela urbana com seu perfil epidêmico devastador, não vista há mais de 70 anos, e talvez por isso justificada na ignorância dos que apregoam não vacinar.


A situação é preocupante e demanda mobilização conjunta de todos os setores da sociedade com a finalidade de não propagar inverdades e de informar verdades, removendo o lixo e o mito que comprometem vacinas cientificamente fundamentadas.


Assim sendo, com finalidade de desmistificar a informação falsa, poder-se-ia elencar um rol de perguntas e respostas com finalidade de esclarecer a verdade e permitir alcançar a meta de vacinação contra a febre amarela ao nível de 95% de cobertura da população alvo, infelizmente hoje inferior a 50% na maioria das áreas sob risco.


A primeira questão levantada por alerta de sensacionalistas trata sobre o conteúdo de mercúrio, na composição da vacina, como sendo um veneno mortal, capaz de causar danos para o sistema nervoso central.


A resposta deve ser um solene NÃO!


O mercurial timerosal é utilizado em pequeníssimas quantidades, ou seja em concentrações baixíssimas em algumas vacinas – podendo estar presente nas vacinas multidose – com a finalidade de se evitar a contaminação do produto devida ao crescimento de fungos e ou bactérias. Essa substância, o timerosal, embora contenha mercúrio, não determina aumento da quantidade de mercúrio no organismo, pelo fato de ser excretada rapidamente, não se acumulando, e além disso, jamais  teve relação comprovada com incidência aumentada de autismo em populações vacinadas por quaisquer vacinas contendo essa substância.   


A verdade é que doenças virais ou vacinas elaboradas para o combate das mesmas, quer vacinas inativadas ou vacinas atenuadas, podem raramente causar adversidades relacionadas ao encéfalo, particularmente em indivíduos com imaturidade da imunidade (menores de 6 meses de idade) ou com comprometimento da imunidade (terceira idade biológica, imunodeficiências adquiridas por HIV, neoplasias em atividade, medicamentos para tratamento de neoplasias e medicamentos estruturados como anticorpos monoclonais – para citar alguns exemplos).


A solução passa por triagem adequada para avaliar inclusão ou exclusão perante o ato vacinal e a vacina a ser utilizada, personalizando a indicação e otimizando resultados com segurança.

 

A segunda questão propalada pela boataria inconsequente do desserviço à população, envolvendo segurança da vacina, anuncia com ostentação que a vacina pode causar a morte por alergia – choque anafilático – decorrendo do fato de ser produzida pela introdução do vírus em ovos galados, ou seja, contendo o embrião de galinha, o que tornaria a vacina potencialmente letal. De novo uma inverdade, a vacina da febre amarela representa risco sim para indivíduos portadores de alergia grave a proteínas das claras de ovos e da carne de galinha, necessitando nesses casos, se necessária sua utilização, que se proceda a administração supervisionada por alergologista em ambiente adequado.  De novo a solução passa por triagem adequada para avaliar inclusão ou exclusão, personalizando a indicação e otimizando resultados.  


A terceira questão se relaciona com o boato de que a vacina paralisa o fígado.


De fato a vacina da febre amarela apresenta um risco relativo de evento adverso grave, incluindo lesão hepática, pela ação viscerotrópica, da ordem de 1 em cada 200.000vacinados, podendo ou não culminar com a morte, evento esse estimado em termos de risco relativo, em 1 em cada 400.000 vacinados exibindo eventos adversos graves.  Se se comparar com a taxa de mortalidade pela doença que em sua apresentação gravevaria entre 30 a 50% dos acometidos, ou seja de cada dois adoecidos com gravidade, um pode morrer, pode-se observar que o benefício obtido pela vacinação supera o risco, concluindo-se por sua efetividade.


Mais uma vez a solução passa por triagem para avaliar inclusão ou exclusão, personalizando indicação e otimizando resultados.  


Por tudo isso comentado, deve-se ficar atento, há de se fazer avaliação critica e não se acreditar em tudo que se divulga pela internet, particularmente o que se divulga por indivíduos inescrupulosos que sob a falsa legalidade de funcionário de não sei onde, enfermeira daqui ou dali, ou ainda, médico de tal ou qual cidade, todos, sem exceção, omitindo nome e sobrenome, espalham boataria!


Fontes de informação devem ser confiáveis, informações devem ser baseadas em evidências, especialmente as informações alarmistas que ao espalhar notícias falsas determinam consequências inimagináveis.


Falam contra a vacina porque não tiveram e não têm mais contato com essas doenças, não viram seus efeitos devastadores... e provavelmente estão devidamente vacinados!

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