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Foto do escritorLuís Fragetti

Vacinação de adultos com a vacina pneumocócica 13 - valente

Atualizado: 15 de set. de 2022


A relação custo-eficácia de um programa de vacinação para adultos e idosos usando a vacina conjugada pneumocócica 13-valente (PCV13) mostra uma eficácia da vacina de 45,6% para pneumonia causada pelos 13 sorotipos de estreptococos da vacina, incluindo 45,0% para pneumonia não bacteriêmica.


O Streptococcus pneumoniae é o patógeno mais freqüente na Pneumonia Adquirida na Comunidade o que faz com que a vacina seja um avanço para a prevenção da PAC.


Esses dados justificam o uso geral do PCV13 em adultos e idosos pois os cálculos fármaco econômicos da PCV13 em adultos é altamente custo-efetivo. No entanto, parte desse resultado se deve provavelmente ao fato da vacinação de lactentes, constituindo-se no principal reservatório de pneumococos, com a mesma vacina conjugada, resulta em efeito de proteção de rebanho, ou seja, também induz  diminuição da prevalência dos sorotipos contidos na vacina em adultos.


A pneumonia adquirida na comunidade (PAC) incidente em adultos e idosos é importante assunto de saúde pública, particularmente em países subdesenvolvidos, pelo impacto da sua morbidade e pela significância de sua taxa de mortalidade, mortalidade essa que aumenta com a idade ao incidir em pessoas com múltiplas morbidades ou comorbidades, em fase de imunosenescência.


O estreptococo - S. pneumoniae - é um patógeno encapsulado, sendo o seu principal fator de virulência a cápsula polissacarídica que o reveste e impede o reconhecimento por fagócitos que deveriam agir sobre o mesmo.


Esses polissacarídeos são de imunogenicidade limitada quando usados ​​como antígenos vacinais, existindo 94 tipos capsulares diferentes conhecidos, com imunidade cruzada nula ou muito limitada, sendo utilizados 23 deles na fabricação da vacina polissacarídica 23-valente (PPV23).  A eficácia da PPV23 se mostra baixa, prevenindo mais as formas invasivas bacteriêmicas ou septicêmicas (eficácia de até 75% contra a bacteremia pneumocócica) provavelmente porque os polissacarídeos são antígenos primários das células B e, portanto, a vacinação não induz resposta das células T, resultando na falta de células de memória e imunidade da mucosa. Além disso, a vacinaPPV23 não pode ser usada em bebês mais jovens, porque seu sistema imunológico imaturo não respondeu adequadamente a essa vacina.


A maioria das pneumonias pneumocócicas é não bacterêmica, não invasiva e, assim a VPP23 não tem efeito contra PAC não invasiva, o que determina que vários países não implementam a vacina PPV23 em suas recomendações de vacinação.


Já a vacina pneumocócica conjugada proteica usa uma abordagem de conjugar (ligar) cada polissacarídeo individual a uma proteína transportadora altamente imunogênica, como o toxóide tetânico (estimulante de células T).  Essa conjugação resulta em suporte de células T com imunidade consecutiva da mucosa e células de memória. Esta vacina foi inicialmente desenvolvida para bebês. Inicialmente continha apenas sete sorotipos. A implantação e implementação da vacina conjugada em crianças resultou em tremendos efeitos de proteção de rebanho, repercutindo sobre a incidência da pneumonia em todas as faixas etárias, particularmente adultos e idosos não vacinados, causadas pelos sete sorotipos contidos na vacina 7-valente.


Lamentavelmente, embora previsível, as doenças pneumocócicas invasivas remanescentes foram causadas cada vez com maior frequência pelos sorotipos não vacinais, aqueles que não faziam parte da vacina. Adveio dai a necessidade de desenvolver a vacina 10 valente e, depois, 13 valente, ambas inicialmente licenciadas para bebês.


Em 2011, a licença para PCV13 foi estendida para adultos.


Em adultos e idosos, discute-se entre usar  a vacina conjugada proteica ou PCV13  de menor extensão de proteção, mas com melhor eficácia ou usar a polissacarídica ou PPV23 com maior amplitude de cepas, mas com imunogenicidade inferior.


Para chegar à melhor decisão, duas importantes questões devem ser levantadas:

  1. A vacinação de crianças com a PCV13 pode erradicar em teoria, inteiramente esses 13 sorotipos e pela proteção de rebanho a vacinação adicional de adultos não teria mais sentido. Esta hipótese necessita ser avaliada por estudo direcionado e necessitaria para ser validada que os diversos países incluíssem em seus planos nacionais de imunizacao de crianças a vacina PCV13. Na maioria dos países se aplica a vacina conjugada 10 valente (PCV10) em lactentes. Essa vacina não cobre os sorotipos 3, 7 e 19A, os sorotipos mais freqüentes na PAC adulta, portanto, não há efeitos de proteção de rebanho que diminua a freqüência de PAC devido aos sorotipos 3, 7 e 19A. Há dois obstáculos para o sucesso teórico de vacinar crianças protegendo adultos, a primeira barreira consiste em não sabermos a dimensão do fenômeno de substituição após a introdução do PCV13 em lactentes e a segunda consiste no fato de que dados existentes sugerem que não há proteção de rebanho relevante para o sorotipo 3. O sorotipo 3 tem cápsula diferenciada e parece ser mais invasivo e menos colonizador. A resposta de produção de anticorpos ao sorotipo 3 é, em média, menor em comparação com outros sorotipos, mesmo após a vacinação com o PCV13.

  2. A vacina PCV13 protege contra a maioria das Pneumonias pneumocócicas não invasivas enquanto que a vacina PPV23 protege contra a invasibilidade.

A PCV13 mostra que 45% da PAC não invasiva causada pelos 13 sorotipos da vacina pode ser evitada, essa eficácia da vacina quando mensurada contra todas as causas de PAC foi estimada em 5,1% (IC95% −5,1–14,2). Embora possa parecer inexpressiva, evitaria, em média, 9850 episódios de PAC ambulatorial, 1850 episódios de PAC hospitalar, 2050 episódios de doença pneumocócica invasiva e 630 mortes durante a vida da coorte vacinada (conjunto formado por indivíduos submetidos ao procedimento).


A vacinação de adultos com a PCV13 confere proteção individual contra a pneumonia do sorotipo 3, havendo redução significativa da pneumonia pelo sorotipo 3 entre os indivíduos vacinados quando comparados aos controles.


Considerando os detalhes comentados acima, uma atitude sensata sobre a abordagem para vacinação contra pneumococos em adultos e idosos, por enquanto, deve ser a de aplicar a PCV13 seguida da PPV23, respeitando um intervalo mínimo de seis meses entre as duas aplicações.

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