A varicela ou catapora é uma doença infeciosa e intensamente contagiosa (facilmente transmissível), causada pelo vírus varicela-zóster, também conhecido como HHV3 (human herpes virus 3), tendo maior incidência na primavera.
Entre 2012 e 2017 foram notificados 602.136 casos de varicela no Brasil. A região Sul notificou o maior número com 199.057 (33%) dos casos, seguido da região Sudeste com 189.249 (31,4%), enquanto a região Norte notificou apenas 40.325 (6,6%). A faixa etária com a maior frequência de casos notificados foi de 1 a 4 anos com 227.660 (37,8%), seguido de 5 a 9 anos com 179.592 (29,8%).
A transmissão é feita por via aérea (gotas aerossolizadas) pela tosse, pelo espirro e por saliva. A transmissão pode ainda ocorrer pelo contato com o líquido das bolhas que se formam na pele. Objetos contaminados pelo vírus também são fonte de transmissão (fômites). Uma outra possibilidade de transmissão do vírus é a partir de idosos, com Cobreiro ou Zóster, para crianças que podem desenvolver varicela.
Acomete principalmente crianças, mas todas as idades são suscetíveis à catapora. Em crianças, geralmente, é doença que evolui sem complicações, sendo autolimitada. Em adolescentes e adultos, o quadro clínico pode ser mais grave, eventualmente necessitando de hospitalização e mesmo, atendimento em unidade de terapia intensiva. Já o Cobreiro ou Zóster ocorre prevalentemente em pessoas infectadas que apresentam esse vírus “adormecido” no organismo, e que a partir dos 50 anos, poderá provocar o Herpes Zóster, uma forma reincidente tardia da Varicela.
Na Varicela, o período de incubação (período que vai do momento após o contágio da doença até o que antecede o início do surgimento das lesões) é de 4 a 16 dias. A capacidade de transmissão se inicia entre 1 a 2 dias antes do aparecimento das lesões de pele e permanece até cerca de 6 dias depois de todas as lesões já se encontrarem na fase de crosta. Deve-se afastar a criança da creche ou escola, bem como o adulto da escola e ou trabalho, por cerca de 7 dias, a partir do início do aparecimento das manchas vermelhas no corpo.
Os sintomas iniciais são mal-estar, cansaço, dor de cabeça, perda de apetite, febre baixa e erupções maculopapulares (exantemas), seguidas de erupções vesículo eritematosas muito pruriginosas (ou seja, pústulas que causam coceira), as lesões surgem inicialmente na face, no tronco ou no couro cabeludo e se disseminam pelo corpo. As pústulas apresentam-se com base vermelha e cúpula transparente ("gota de orvalho em pétala de rosa"), com cerca de 3 milímetros de diâmetro. Várias safras de exantemas surgem durante cerca de 4 dias, com vários estágios em zonas diferentes ao mesmo tempo, de tal forma que a pessoa apresenta erupções em diversas fases: manchas, bolhas e crostas.
Os exantemas são mais frequentes na região torácica, mas podem aparecer em todo o corpo, incluindo no couro cabeludo e na mucosa oral.
Embora normalmente possa curar-se sem complicações, algumas vezes pode gerar uma pneumonia intersticial, problemas renais graves ou comprometimento do sistema nervoso central.
A confirmação da Varicela deve ser feita por um médico antes de se utilizar qualquer remédio pois o diagnóstico é clínico.
Entre os cuidados mais frequentes, sugeridos ao paciente durante o período de infeção, estão cortar as unhas e deixá-las limpas, evitar o contato com pessoas com baixa capacidade de defesa, usar roupas leves, para evitar calor e aliviar as coceiras, usar luvas na hora de dormir, e evitar ao máximo coçar as lesões da varicela, porque marcas podem ficar para sempre no corpo. O uso de talco liquido é uma indicação precisa.
É uma doença que não faz muito mal e a cura é feita pelo próprio organismo, mas que pode ser prevenida com a vacinação. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) recomendam duas doses da vacina contra a varicela: a primeira aos 12 meses e a seguinte a partir dos 15 meses de idade, com um intervalo de 3 meses da primeira dose.
As pessoas que desenvolvem a Varicela uma vez ou que são vacinadas, habitualmente ficam imunes para o resto da vida, porém, uma segunda ocorrência pode acontecer, particularmente, em pessoas com deficiência no sistema imune.
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