O debate sobre a vacinação de idosos levanta questões relacionadas ao tema da Cultura Vacinal, após o êxito de campanhas para a eliminação de doenças e agravos epidêmicos, em crianças, experiência de sucesso, validada no Brasil e no mundo.
Faz-se necessário proporcionar aos idosos a proteção contra doenças imunopreveníveis que hoje evidenciamos em crianças, com altas taxas de cobertura vacinal, pois de modo semelhante ao que se observa em crianças, os idosos também são progressivamente vulneráveis ao adoecimento infeccioso, além disso faz-se obrigatório educar profissionais de saúde, em seus diversos graus e gêneros, para que a imunização dessa faixa etária faça parte da rotina no atendimento integral ao idoso.
Em resumo, observam-se duas barreiras na imunização de idosos, a primeira sendo o inevitável envelhecimento da imunidade (imunosenescência) e a segunda, evitável, o desconhecimento por parte de profissionais de saúde, incluindo parte dos médicos, sobre o direito e obrigação de prevenir (profilaxia) contra doenças com a utilização de vacinas.
A imunosenescência decorrente do processo do envelhecimento é a deterioração lenta e progressiva em caráter natural do sistema imunológico, em suas duas maneiras de estabelecer imunidade que caracterizam dois tipos de respostas: a imunidade inata ou natural com resposta imune inata e a imunidade adquirida ou adaptativa com resposta imune adquirida, das quais a imunidade inata se apresenta melhor preservada.
Dessa situação resulta uma condição denominada "Inflammaging" (inflamação do envelhecimento), referindo-se à inflamação crônica de baixo grau típica do envelhecimento, caracterizada por um equilíbrio complexo entre respostas pró e anti-inflamatórias, estimulando o surgimento ou a progressão de doenças crônicas que, por sua vez, podem acelerar e propagar o processo de envelhecimento. Esse estado inflamatório crônico dificulta a resposta vacinal em idosos, impactando em exacerbação de doencas crônicas com aumento da morbidade e da mortalidade, particularmente relacionadas às doenças imunopreveníveis. Influenza, pneumococo e herpes zoster são exemplos de agentes envolvidos em processos cardiovasculares agudos em idosos. Os vírus do resfriado comum, da gripe e as bactérias causadoras de pneumonia como os estreptococos impactam essa população idosa, principalmente em portadores de doenças respiratórias crônicas. Assim, fica estabelecido o direito e a obrigatoriedade de se vacinar idosos com vacina influenza, herpes zoster e as vacinas pneumocócicas 13 e 23, bem como renovar a vacina dTpa a cada 10 anos e a vacina da hepatite B.
Comentarios