A vacinação contra o HPV pode ser considerada “de oportunidade”, ou seja, a vacinação necessita da indicação e encorajamento médico sempre que surgir a oportunidade. A falta dessa política de vacinação, por parte de profissionais da saúde, leva a uma resposta de baixo nível de cobertura de vacinação, constatada em pesquisa informal entre cidadãos e profissionais médicos. O objetivo é reconciliar a população em geral com o uso de vacinas em um momento em que o nível de confiança nelas está entre os mais baixos, especialmente, a vacina contra o papilomavírus humano (HPV). O nível de cobertura vacinal contra o HPV permanece baixo, o Brasil só conseguiu vacinar 48,7% das meninas na faixa etária alvo recomendada pela OMS, muito abaixo da taxa entre grupos semelhantes em países com altos níveis de cobertura como por exemplo,> 80% na Austrália, Reino Unido e Espanha, mas com níveis semelhantes aos dos Estados Unidos e Alemanha que apresentam coberturas entre 40 a 50%. Atribui-se a baixa cobertura vacinal à falta de informações gerais e médicas abrangentes quanto aos dados de segurança e eficiência da vacina e mais ainda a avalanche de desinformação - “notícias falsas” - dos grupos anti-vacinas, constituindo assim nos grandes obstáculos à vacinação contra o HPV.
Considerando que a baixa taxa de adesão para a vacina contra o HPV representa a perda da oportunidade de evitar milhares de casos de câncer do colo do útero a cada ano, a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) convocam os médicos a recomendar aos pacientes a vacinação contra o HPV.
O HPV (Human Papiloma Virus ou Vírus do Papiloma Humano) é um vírus que infecta a pele e mucosas. Estima-se que 50 a 80% de homens e mulheres sexualmente ativos irão contrair a infecção por HPV em algum momento de suas vidas. A infecção na área genital por HPV é habitualmente, mas não exclusivamente, uma infecção transmitida sexualmente. A penetração vaginal e anal não são necessárias, uma vez que basta o contato com mucosas e pele infectadas para poder transmitir. Ao se contrair o HPV pelo contato de pele e de mucosas, na maioria das vezes, não ocorrem lesões, já que 90 entre cada 100 pessoas que entram em contato com o vírus, irão eliminá-lo dentro de 12 a 18 meses graças ao sistema imunológico. Algumas pessoas porém, desenvolvem lesões como verrugas, lesões precursoras de câncer ou pior ainda o câncer, particularmente no colo do útero. O número de mulheres que desenvolverão câncer de colo de útero, que é o terceiro mais comum entre mulheres no Brasil, tem diminuído, embora permaneça bastante alto de acordo com os dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) que relata cerca de 15 mil novos casos anuais, sendo a causa da morte de 5 mil mulheres brasileiras a cada ano, quase que 100% causados pelo Papilomavírus Humano (HPV). Os homens também, igualmente às mulheres, na maioria das vezes são assintomáticos à infecção, mas podem também apresentar verrugas e, em casos muito raros, câncer de pênis ou ânus.
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